10/06/2010

Liberdade e opções


O mundo moderno é rico de possibilidades.

A sociedade convive melhor com as diferenças e as mais diversas opções são possíveis, sem causar grandes choques e antagonismos.

No pretérito, não era assim.

Por muito tempo, a transposição entre classes sociais era difícil, senão impossível.

Em certas culturas, quem nascia em família de artesãos deveria sê-lo também.

O círculo da nobreza era inacessível para os nascidos plebeus.

Hoje vigora em maior grau uma liberdade não apenas de opções, mas também de costumes.

Perante o corpo social, afigura-se possível ao indivíduo escolher livremente sua profissão, hábitos, moradia e amigos.

Ele pode escolher constituir família ou permanecer solteiro.

É possível a alguém casar-se, separar-se, tornar a se casar inúmeras vezes.

Esse contexto de liberdade é valioso para os seres humanos.

Não é possível crescer em entendimento e compreensão sem a possibilidade de tomar decisões e arcar com as conseqüências.

Mas é preciso refletir sobre os reflexos das próprias opções.

Os seres humanos estão em constante interação e os atos de uns refletem nas vidas dos outros.

Justamente por isso se afirma que liberdade pressupõe responsabilidade.

Para o cristão a questão da liberdade é ainda mais séria.

Ele necessita compatibilizar as opções que faz com as palavras e os exemplos do Cristo.

Caso contrário, a palavra ‘cristão’ será apenas um rótulo, destituído de significado.

Assim, se você se afirma cristão, analise a forma como utiliza sua liberdade.

Reflita se suas opções revelam fidelidade às lições de Jesus.

Como você se identifica com os valores cristãos, isso quer dizer que sua sensibilidade está desperta para aspectos transcendentes da vida.

Ou seja, o mundo e seus valores não mais o satisfazem plenamente.

Há em você a necessidade de transcender, de amar puramente seus irmãos, de compreender e respeitar a vida.

Recorde, pois, que Jesus foi trabalho, amor, renúncia e pureza.

Suas opções estão de acordo com esse modelo?

Caso não estejam, pense que você é livre, pleno de possibilidades.

A cultura lhe é acessível, carreiras estão a sua disposição, você pode gastar seu tempo como lhe aprouver.

Por que não optar livremente pela felicidade duradoura?

Que lhe importa que no mundo imperem a desonestidade, a luxúria e a irresponsabilidade?

Você é responsável exclusivamente por suas opções, pelo que faz de sua vida.

Não utilize os equívocos dos outros como desculpas.

Em determinada passagem de uma de suas epístolas, Paulo de Tarso afirma que tudo lhe era possível, mas nem tudo lhe era conveniente.

É exatamente a sua situação.

No mundo atual, quase tudo é admitido, sem censuras.

Mas a consciência de quem ama e admira o Cristo não compactua com comportamentos levianos.

Não se iluda nem embote sua consciência.

Viva de forma nobre a sua liberdade.

 Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

O DOENTE GRAVE




Uma alma atormentada de Mãe, conduzida ao Céu, nas asas blandiciosas do sono, esbarrou ante as resplandecentes visões do Paraíso.

Um anjo solícito recebeu-a no pórtico.

– Anjo amigo – disse ela em voz súplice –, sou mãe na Terra e tenho dois filhos. Rogo para ambos as bênçãos de Deus, generosas e augustas.

O mensageiro anotou as petições e, observando-lhe o desvelo fraternal, a mulher aflita acrescentou, ansiosamente :

– Venho até aqui pedir, em particular, por um deles que, desde muito tempo, se encontra gravemente enfermo, entre a morte e a vida. Todo o meu carinho, todos os recursos médicos têm sido ineficazes. Não posso tolerar, por mais tempo, as lágrimas dolorosas que me afligem o coração. Digne-se o Todo-Poderoso, por vosso intermédio, conceder-me a graça de vê-la restituído à saúde.

O emissário das Esferas Superiores pensou um instante e interrogou:

– Qual de teus dois filhos se encontra mais unido a Deus?

– Meu pobre filhinho doente – respondeu a recém-chegada –, pois que medita na grandeza do Pai Celeste, dia e noite. É com o Seu nome que se submete aos remédios amargos e é esperando no Senhor que vê despontar cada aurora. No sofrimento que lhe desintegra as forças, dirige-se ao Céu com tamanho fervor que se lhe pressente, de maneira inequívoca, a ligação com o Pai Amoroso e Invisível.

– E o outro? – indagou o mensageiro divino.

– Esse – esclareceu a pedinte, um tanto confundida, qual se lhe fora impossível dissimular –, é um homem feliz nos negócios do mundo. Como é favorecido da sorte, parece não sentir necessidade de procurar o socorro da Providência Divina...

– Qual deles entende a sublime significação do trabalho? – interpelou o emissário novamente.

– O enfermo, atirado à imobilidade, guarda profunda compreensão, com respeito às virtudes excelsas do espírito de serviço. Refere-se, constantemente, aos bens do esforço e edifica quantos lhe ouvem a palavra, tocada de dolorosas experiências.

– E o outro?

– Talvez pelo gênero de vida a que se consagra deixou de ver as belezas da ação própria.

Dispondo de muitos servidores, descansa nos trabalhos alheios. Não conhece o radioso convite da manhã, porque se levanta do leito demasiado tarde, nos hotéis de luxo, e permanece estranho às bênçãos da noite, de vez que o corpo, saciado em mesas opíparas e extravagantes, não lhe confere oportunidade de sentir as sugestões santificadoras da Natureza.

– Qual deles percebe o imperativo de confraternização com os homens, nossos irmãos? – tornou o mensageiro sorrindo, bondoso.

– O que está preso à enfermidade angustiosa recebe os amigos de qualquer posição social, com indisfarçável reconhecimento. Recolhe as expressões de carinho com lágrimas de alegria a lhe saltarem dos olhos. Emociona-se com a menor gentileza de que é objeto e parece deter, agora, um laço de amor forte e sincero, mesmo para com aqueles que, em outro tempo, lhe foram inimigos ou perseguidores.

– E o outro?

– Os favores do mundo – comentou nobremente a palavra maternal – isolam-lhe a personalidade, a distância dos júbilos domésticos, em rodas restritas e fantasiosas ou nas regiões elegantes, onde rolem fortunas iguais à dele. Assediado pelos empenhos do mundo social, cujas idéias se modificam à feição do vento, nunca encontra tempo necessário para sondar os sentimentos afetivos dos companheiros que o Céu lhe enviou à senda comum.

O anjo atento passou a refletir, com grande interesse, e argüiu, de novo:

– Para qual deles rogas a bênção de Deus, em particular?

– Em favor do pobrezinho que agoniza no leito – informou a ternura materna.

O enviado da Providência fixou-a com extrema bondade e concluiu, com sabedoria :

– Volta à Terra e reconsidera as atitudes do teu carinho! O enfermo do corpo vai muito bem; já entende a necessidade de união com o Divino Pai e o que distingue, em verdade, os homens uns dos outros, é o grau de suas relações com a vida mais alta. Renova, pois, os votos de tuas preces ardentes, porque o doente grave é o outro.



pelo Espírito Irmão X - Do livro: Pontos e Contos, Médium: Francisco Cândido Xavier.

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