30/10/2011

DIA DE LUZ


O despertador toca e você acorda. Abre os olhos e torna a contemplar as mesmas cenas do ontem.

Pela sua mente ágil, as dores sofridas passam em cenário cinematográfico.
Você sente o corpo dolorido e cansado. Na boca, o gosto da amargura, que como fel, lhe fere o paladar.

Novo dia... Contudo, embora a noite de sono, não serão novas as lutas.
Os problemas financeiros não se solucionaram no intervalo de algumas horas. A enfermidade que se abateu em seu lar não partiu. Ao contrário, você a sente mais presente do que nunca, nos gemidos que já lhe chegam aos ouvidos.

Há que erguer-se do leito e retornar às lutas. A mesma luta.

Você sente desânimo e pensa: Por que Deus não me tirou a vida, enquanto dormia? Sinto-me exausto. Não desejo mais sofrer, nem lutar.

No entanto, os minutos correm céleres e é preciso retomar as atividades.

Entre a tristeza e o desalento, você se ergue e abre a janela.

Neste instante, o sol lhe bate em cheio na face e ilumina o seu quarto.
Faz-se luz e a luz espanca as trevas.

É novo dia! - Informa-lhe o sol.

Há alegrias no ar! - Cantam os pássaros.

A brisa da manhã o envolve e a natureza toda o convida a reformular suas disposições íntimas.

Pare um instante. Encha os seus pulmões com o ar renovado da manhã. Respire profundamente. Contemple o azul do céu e dirija ao Criador a sua prece.

Prece de gratidão por mais um dia no corpo. Em vez de rogar a Deus que lhe tire a vida, rogue-Lhe forças para o combate.

É dia novo. Você não pode imaginar o que a Divindade lhe reservou para hoje.

Pense em quantas pessoas almejariam estar em seu lugar, agora.

Enfermidade, dor, desemprego são problemas a serem administrados e equacionados, ao longo da existência.

Recorde que a Divindade lhe providenciou um dia de luz para você treinar, outra vez, disciplina, paciência, perdão.

Não perca a oportunidade. Não jogue fora as chances de crescimento e resgate.

E hoje, enquanto você sofre, luta e espera, alegre-se com os sons da vida, com o sorriso das crianças, com o colorido da Natureza que o Pai Criador dispôs especialmente para você.

Sorria. As lutas poderão ser semelhantes, mas não idênticas.

Porque dia como este nunca houve e não haverá outra vez.

Deus não se repete. Detenha-se a descobrir detalhes e observe a riqueza que o circunda.

Amigos, colegas, brincadeiras, abraços.

Nada será igual ao que já foi.

Desfrute deste dia integralmente, porque dia igual a este só se vive uma vez.

Cada dia é bênção nova. Cada minuto é oportunidade espontânea de crescimento.

Pense nisso!

Redação do Momento Espírita, com pensamento colhido no verbete Dia, do livro Repositório de sabedoria, v.1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo P.Franco, ed. Leal. Disponível no cd Momento Espírita, v. 2, ed. Fep. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3174&stat=0.


Oração do Perdão



Por mais que oremos e mentalizemos, há casos em que a coisa almejada não se realiza. É porque existe um obstáculo escondido. É porque não se perdoou alguém.
Quando sentimos ódio ou guardamos mágoa de alguém, esse sentimento penetra no nosso subconsciente e não se apaga facilmente, mesmo que o consciente já o tenha esquecido.
Enquanto continuar existindo esse ódio oculto, toda oração será inútil, por mais fortemente que oremos.
Portanto, antes de orarmos para realizar algo, devemos fazer a oração para perdoar o próximo. Somente quem perdoa será perdoado. Para isso, podemos fazer as seguintes orações:

Eu lhe perdoei e você me perdoou,
eu e você somos um só perante Deus.
Eu o(a) amo e você me ama também;
eu e você somos um só perante Deus.
Eu lhe agradeço e você me agradece.
Obrigado, obrigado, obrigado...
Não existe mais nenhum ressentimento entre nós.
Oro sinceramente pela sua felicidade.
Seja cada vez mais feliz...

* * *

Deus lhe perdoa,
portanto eu também o(a) perdôo.

* * *

Já perdoei a todas as pessoas
e acolho a todas elas com o Amor de Deus.
Da mesma forma, Deus me perdoa os erros
e me acolhe com Seu imenso amor.


* * *

Que a luz dourada de Cristo, que o amor dourado de Cristo te ilumine plenamente, que você seja banhado, iluminado pela luz dourada de Cristo, e que busque o caminho da luz.

osvaldo.shimodao

ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL


Constantino Saraiva tornara-se muito conhecido por suas produções mediúnicas e, embora sua cota de tempo e possibilidades materiais continuassem exíguas, conquistara amizades numerosas, ensejando involuntariamente enormes expectativas em torno do seu nome.

Toda missão útil, porém, encontra obstáculos nos lugares onde a luz não foi recebida pela maioria dos corações, e Constantino, dada a ampliação natural das responsabilidades, tornara-se alvo de forças inferiores, no visível e no invisível. Companheiros encarnados seguiam-lhe os passos, ansiosos por saber se dava testemunho pessoal das verdades de que se constituíra instrumento e as entidades vagabundas, deslocadas do vampirismo pelos Espíritos Superiores, a se fazerem sentir por intermédio dele, anotavam-lhe as mais insignificantes atitudes e não lhe perdoavam a decisão de manter-se firme na fé, apesar de tropeços ou tempestades.

Criou-se, assim, em derredor do médium Saraiva, considerável bagagem de lutas. É de justiça, contudo, advertir que esse movimento hostil não derivava apenas do psiquismo de Constantino, mas para combater o venerável Fanuel, o Espírito sábio e benevolente que ministrava substanciosas lições por meio de suas faculdades.

Os malfeitores desencarnados desenvolviam todos os recursos de insinuação. Recebia Saraiva propostas de salários vultosos, convites para mudar de situação; e como não vingasse a sugestão do ouro, tentaram o trabalhador no capítulo do sentimento. Feriram Constantino nos sonhos mais íntimos do coração; mas, preparado contra os alvitres da luxúria, resignou-se o médium e a máquina de serviços continuou sem perturbações. Tal serenidade, todavia, não vinha à superfície por conquistas dele próprio, mas porque Fanuel montava guarda ativa e permanente, cooperando na integridade e desdobramento da tarefa.

A situação caracterizava-se por notável harmonia, quando os adversários gratuitos prepararam sutil cilada, em que o médium seria vítima das próprias intenções.

Grande número de confrades, de populosa cidade, realizava valioso empreendimento para difusão do Espiritismo evangélico, mas, a ambição e o egoísmo, a breve trecho, acocoraram-se como dois monstros na empresa dos obreiros desprevenidos. A obra ameaçava ruir. Amigos da véspera dividiam-se em campos opostos. Envenenados de personalismo destruidor, brandiam as armas da insídia e da leviandade, através de Tribunais e Secretarias. A obra generosa transformara-se, pela invigilância da maioria, num grande movimento de ambições comercialistas. Inegavelmente, havia ali, como em toda parte, trabalhadores honestos e sacrificados, mas, qualquer solução justa só poderia resultar de uma cooperação geral.

No auge da luta, os caricaturistas da zona invisível lembraram o Saraiva. Não seria chegado o momento de lhe inutilizar as energias desferindo golpes no Instrutor espiritual? Alguém chegou mesmo a declarar sutilmente:

– Insinuaremos a vinda do Constantino, e se chamarem Fanuel a esclarecimentos, é natural que não possa ele atender à generalidade, onde há tantos descontentes. Estabelecida a impressão nervosa nos culpados, entraremos a dominar os incautos e promoveremos atritos fortes. É de esperar que o escândalo tome proporções devastadoras e, em seguida, Saraiva há de procurar quem lhe exaltou as qualidades de pião.

Riu-se o grupo gostosamente e deu mãos à obra.

Daí a dias, Constantino foi convidado a visitar a grande cidade, onde lavrava a confusão lastimável. Consultaram o chefe de serviço quanto à licença, e como não houvesse embargos de qualquer natureza, Saraiva poderia partir oportunamente. Constantino, porém, assoberbado de obrigações diversas, não desejava empreender a viagem estafante – mais de mil quilômetros de via férrea – e manteve-se no retraimento que lhe era peculiar.

Os malfeitores, contudo, desejavam atingir seus fins e sugeriram sutilmente que se oferecesse a Saraiva homenagens espetaculares. Mais alguns dias e Constantino soube, pelos jornais, que lhe preparavam recepção de grande vulto. Reunir-se-iam os companheiros em preitos honrosos, cada solenidade congregaria número considerável de admiradores e amigos.

Constantino, que não conhecia as tramas e os dramas distantes, comoveu-se ao extremo. Já que se tratava de movimento tão honroso e distinto, abalançar-se-ia à viagem, sem mais hesitação. Orou, meditou. Fanuel aproximou-se e recomendou vigilância. Não era essa, entretanto, a advertência comum, de todos os dias?

Cheio de emoção, o médium não percebia que fora beliscado na vaidade de criatura falível. No seu modo de entender, devia sacrificar-se, correr ao encontro dos seus irmãos na fé. Não se organizavam homenagens em sua honra? Longe de recordar que semelhantes preitos deviam conferir-se a quem de direito, a começar por Jesus-Cristo, e não a ele Constantino, operário a meio da tarefa, ignorando se lhe chegaria a termo, dignamente, começou por antever as demonstrações de apreço, os aplausos gerais, e iniciou providências imediatas.

Reconhecendo-lhe a perigosa atitude mental, Fanuel procurou socorrê-lo por intermédio do chefe de serviço.

Na manhã em que deliberou em contrário, o rapaz procurou o diretor de trabalho e pediu humilde:

– Doutor, mudei de opinião relativamente à viagem e desejo o favor de sua licença.

Avisado intuitivamente por Fanuel, o interpelado obtemperou:

– Não me oponho aos seus desejos, mas olhe que as necessidades do serviço também mudaram. Seria difícil autorizar sua ausência, agora. Não seria possível adiar o projeto?

– Mas, doutor – considerou o médium –, os companheiros preparam-me grandes festividades para as quais, naturalmente, despenderam recursos e receio passar por ingrato. Além do mais, creio que precisam de minha colaboração nas dificuldades e sofrimentos que arrastam no momento e não desejo parecer indiferente.

Fixou-o o diretor e observou:

– Não tenho interesse em desviá-lo de obrigações que considera sagradas, mas sou de parecer que deve ponderar as próprias disposições. Se pretende viajar em tarefa de auxílio, não esqueça a vigilância. Onde a razão de festivais e homenagens? O regozijo não mora em companhia da angústia.

O médium fora sacudido pelas forças da Verdade, mas não despertou. Fanuel fazia o possível para acordá-lo, mas perdia os melhores esforços. Os dias continuaram registrando a insistência de Saraiva e a natural esquivança do chefe de serviço, até que, notando este a firme resolução do rapaz, não quis parecer tirânico e acabou por dizer-lhe:

– Pois bem, Saraiva, pode ir quando julgar conveniente. Você é dono de sua pessoa e cada qual deve conhecer as obrigações próprias.

Obtida a permissão, o médium tomou as primeiras providências. Nesse ínterim, registrava-se grande contentamento dos adversários gratuitos e enorme preocupação dos amigos sinceros de Constantino.

A escola de Fanuel, na esfera superior, começou a ser visitada por companheiros esclarecidos, desejosos de informações sobre o assunto.

Um velho amigo perguntou ao respeitável mentor:

– Será crível que Saraiva deite a perder patrimônio tão considerável, inclinando-se a aventuras dessa ordem, só por causa de homenagens barulhentas e exaustivas?

– Não é bem isso – explicava o orientador –, Constantino sempre confiou em minha assistência. Tal como a maioria das criaturas, ele não compreenderia nosso auxílio fora da velha ternura terrestre, a exprimir-se em palavras doces. É claro que ele também é Espírito e tem as suas responsabilidades. Poderá atender plenamente aos caricaturistas que o alvejam, mas, antes disso, não lhe negarei assistência fraternal. Talvez não nos entenda de pronto, e, contudo, nossa cooperação segui-lo-á.

Mais tarde, veio a devotada mãe de Saraiva e inquiriu :

– Fanuel, venho rogar seus bons ofícios. Creio que a situação é difícil e perigosa.

O mentor generoso tranqüilizou a entidade materna:

– Minha irmã pode voltar às suas tarefas espirituais plenamente confiante. Constantino não ficará sem a nossa colaboração.

No outro dia o velho Jerônimo, também grande amigo de Saraiva, depois das primeiras considerações, perguntou:

– Fanuel, por que não procuras eliminar a dificuldade imediatamente? O pobre médium não vive isento da ignorância peculiar aos encarnados no mundo. Não haverá meios de modificar a situação já, já?

O interpelado, com a serenidade de perfeito otimismo, esclareceu:

– Jerônimo, quando viveste na Terra ouviste falar alguma vez de reses estouradas?

– Sem dúvida.

– Pois a mente, quando obcecada pelo impulso do próprio capricho, é como se fora rês estourada – continuou Fanuel, bondoso –, não se pode remediar a situação com êxito, senão a longas distâncias. O primeiro recurso é a porteira forte; se esta não vinga, recorre-se ao laço, e tudo isso, embora magoe e fira o animal, constitui medida de salvação de morte certa. Pelas amizades que conquistou, vive Saraiva em pastagem muito extensa. Para opor-lhe uma porteira, necessitamos longa distância. Ele pretende viajar mais de mil quilômetros. Pois bem: não poderei cercar-lhe a mente caprichosa senão a termo do objetivo. Se falhar a porteira, recorrerei então ao laço, nesse trabalho de assistência.

Jerônimo meditou a explicação sábia e mergulhou em silêncio.

Daí a alguns dias era chamado por Fanuel, que lhe confiava os trabalhos da sua escola ativa, esclarecendo:

– Peço me substituas por três dias. Devo cercar hoje a mente de Constantino. Levarei Natércio, mesmo porque, segundo já sabes, falhando os recursos iniciais, utilizarei outros mais fortes.

E, sorrindo bondosamente, acrescentava :

– Quantas vezes o encarnado quebra uma perna ou se esvai em sangue de escoriações quando socorrido? Devemos admitir providências, que tais, no quadro dos serviços comuns. Assistirei Saraiva em todas as circunstâncias, e talvez me demore.

Com efeito, nessa noite, o médium chegava à grande cidade, depois de rodar vinte e quatro horas a fio, sobre os trilhos. Antes de atingir a estação dos abraços efusivos e dos aplausos superficiais, um amigo vem vê-lo, trazido por Fanuel, relacionando a ocorrência na série dos casos felizes. Abraçam-se. E quase meia-noite; Saraiva, cansadíssimo, aguarda o conforto da cama de hotel.

O companheiro regozija-se e exclama:

– Por aqui, tudo bem. Algumas dificuldades, mas creio que você gozará horas de entretenimento e descanso. Tenho a impressão de que numerosos amigos nossos disputam em torno de precários patrimônios materiais, mas isso não turvará o seu horizonte. Enfrentaremos a situação serenamente.

Natércio, o colaborador de Fanuel, aproxima-se do médium e aconselha a oração. Era meia-noite, enorme o cansaço, mas Saraiva pede ao amigo que o ajude numa prece. Não deveria inclinar-se à inspiração do Alto, antes de penetrar o terreno de serviços novos? O companheiro acedeu e elevaram mente e coração ao plano superior. Meditaram e esperaram. Fanuel considerou chegada a hora de opor o impedimento prometido.

Tomando a mão de Constantino, escreveu firme:

"Grande é a luta, áspera a discórdia. Nossos irmãos ignorantes da luz espiritual contendem na ambição e no personalismo destruidores. Necessitam de bisturi a fim de vazarem o tumor da má-vontade. Quererias servir de instrumento, meu filho, quando estás sendo utilizado em tarefa superior? Considera as responsabilidades que te cabem. E se prezas nossa humilde opinião, regressa a todo pano, antes do amanhecer."

Fanuel não se estendeu em outras considerações. Constantino sentia amarguras de derrotado. E o festival e as homenagens, os amigos incientes da verdadeira fé? Num átimo, Natércio aplica-lhe fluidos salutares. Saraiva lê a mensagem em voz alta. Está muito pálido, desencantado. Mas os fluidos de Natércio o envolvem inteiramente, atenuando os efeitos dolorosos da volta à realidade e ao dever. Constantino cria forças e diz:

– Se é assim, vamos voltar.

E ante o amigo admirado, tomou o comboio de regresso, pela madrugada, antes do amanhecer.

Entretanto, somente de volta, cessada a influência cariciosa de Natércio, Constantino verificou que sua mágoa era profunda. Viajar mais de mil quilômetros, sacrificar-se e voltar sem atingir o menor dos objetivos?

Dias passaram sobre os seus desgostos, e o médium, na primeira reunião, recebeu encorajadora mensagem de Fanuel, que lhe dizia contente:

– Estou satisfeito: Se não te posso dar boa nota em prudência, concedo-te ótima classificação em obediência. Não te agastes, Constantino. Ninguém pode despertar do sono a toque de ternura. Às vezes, são necessários jatos de água fria. E quem poderá afirmar que isso não seja assistência amorosa?

Saraiva, mais animado, retomou a luta, mas até hoje talvez ignore que, se não ganhara boa nota em prudência, nem mesmo a obediência lhe pertencia.



pelo Espírito Humberto de Campos - Do livro: Reportagens e Além Túmulo, Médium: Francisco Cândido Xavier.

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