Não podemos ficar desanimados com o colapso de uma civilização construída sobre a audácia da dúvida especulativa, sobre o impressionismo moral e o entusiasmo confuso e feroz por raças e povos, porque tal civilização tem em si elementos anti-sociais e anti-éticos, que merecem ser destruídos.
Uma tal civilização não está planejada para priorizar o bem da humanidade em seu conjunto, mas para garantir a comodidade de alguns poucos privilegiados, entre os indivíduos, e entre as nações. Tudo o que for realmente valioso será preservado no novo mundo que está lutando por nascer.
Apesar das aparências, vemos na atual inquietação do mundo o surgimento gradual de uma grande luz, a confluência de esforços vitais, uma compreensão crescente de que há um espírito secreto no qual todos vivem em comunidade, e do qual a humanidade é o mais alto instrumento na Terra.
Há um desejo crescente de expressar esse conhecimento e de estabelecer um reino do espírito na Terra. A ciência produziu os meios necessários para o transporte fácil de seres humanos e a comunicação do pensamento. Intelectualmente, o mundo está unido por uma rede de ideias comuns e conhecimento recíproco.
Até mesmo obstáculos como os dogmas religiosos já não são tão fortes como eram no passado. O progresso do pensamento e da visão crítica está ajudando as diferentes religiões a fazerem soar a nota da verdade eterna e universal, a verdade do espírito. Esta é a verdade que a vida busca e obedece, e através dela a vida encontra a felicidade em todos os tempos e lugares.
Somos capazes de ver mais claramente que a verdade de uma religião não está no que é especifico e exclusivo dela, nem é a mera letra morta da lei, na qual os sacerdotes procuram insistir, e pela qual os fiéis estão dispostos a lutar. A verdade está naquilo que cada religião é capaz de compartilhar com todas as outras. A compreensão suprema que a humanidade deve alcançar de si mesma e do mundo só pode ser alcançada através dos valores que são humanos e universais.
A humanidade ainda está em construção. A vida tal como a conhecemos é apenas a
matéria-prima para a vida como ela pode ser. Estão ao alcance da nossa espécie uma plenitude e uma liberdade até aqui inéditas. Basta unir-nos como seres humanos e avançar com uma meta elevada e uma decisão estável.
O que se necessita não são declarações solenes e programas de ação, mas o poder do espírito nos corações humanos, um poder que nos ajudará a disciplinar nossas ações e libertar-nos da cobiça e do egoísmo, e a organizar o mundo que desejamos.
[1] Traduzido do volume “Eastern Religions and Western Thought” (“Religiões Orientais e Pensamento Ocidental”) de S. Radhakrishnan; primeira edição, 1939, Oxford University Press; Third impression, Oxford India paperback, 1989, 396 pp., ver pp. 32-34.
[2] A amizade entre o estadista e o teosofista está registrada no texto “B.P. Wadia, a Life of Service to Mankind”, do Sr. Dallas TenBroeck, que pode ser encontrado na seção temática “Learning from Example: The Lives of Some Theosophists and Sages”, em www.TheosophyOnline.com e www.FilosofiaEsoterica.com
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